domingo, 23 de outubro de 2011

AS TIC NO AMBIENTE ESCOLAR: TRANSMITIR INFORMAÇÃO OU PRODUZIR CONHECIMENTO?


AS TIC NO AMBIENTE ESCOLAR: TRANSMITIR INFORMAÇÃO
OU PRODUZIR CONHECIMENTO? [1]
                                               






Autora
Ucineide R. Rocha Moreira[2] - UFS


Orientador
Prof. Dr. Henrique Nou Schenneider[3]






Resumo: Esse artigo tem como objetivo discutir a importância das Tecnologias da Informação e Comunicação no ambiente escolar, mostrando como as mesmas podem ser utilizadas como recurso pedagógico na produção do conhecimento. Aborda questões referentes ao contexto social, globalização, contemporaneidade, tecnologias e formação do professor. Situa a ação da escola da rede particular de ensino em meio a todos esses elementos em questão analisando de que forma a mesma se apodera de determinadas tecnologias que são incluídas na prática do professor. Faz uma análise do papel deste profissional em relação a sua posição numa sociedade caracterizada como sociedade do conhecimento e como mediador no processo de ensino e aprendizagem.






Palavras – chaves:   Tecnologia –  Educação -Formação de Professor.







Em meio a tantas transformações ocorrentes hoje na sociedade, e levando em consideração a influência das mesmas no aspecto educacional, esse artigo  pretende analisar e discutir de forma objetiva como se dá a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no ambiente escolar, caracterizando-as como recursos auxiliares na produção do conhecimento.
Esse trabalho está constituído em três tópicos, sendo que o primeiro trata em discutir as categorias de Conhecimento e Informação na sociedade contemporânea, o segundo trata do conceito de tecnologia e a sua inserção no ambiente escolar e situa a formação e prática do professor na sociedade tida como sociedade do conhecimento e informação.
Assim, pós-modernidade, sociedade do conhecimento, Revolução da Informática, Terceira Revolução Industrial, muitas têm sido as denominações do nosso período  atual. O importante a destacar, é que independente da denominação, a base desse período está na evolução da microeletrônica, está também, num novo processo, sendo o homem, segundo Dermeval Saviane (1999): “ o criador, aquele que o domina plenamente e que o controla em última instância”.
         Situar o surgimento da modernidade num espaço geográfico e de tempo é algo simples. Basta dizer que tudo começa na Europa no século XVIII. Porém, identificar e caracterizar todas as transformações pelas quais esse período passou e vem passando, leva-nos a uma reflexão maior.
        Para Giddens, a passagem da modernidade para a pós-modernidade deu-se da seguinte forma:
Alguns dos debates sobre estas questões se concentram principalmente sobre transformações institucionais, particularmente as que sugerem que estamos nos deslocando de um sistema baseado na manufatura de bens materiais para outro relacionando mais concentradamente com informação. (GIDDENS:1991,67)

Nesse contexto, concorda-se com este autor ao perceber a ênfase dada a informação neste momento, ao mesmo tempo em que se foge uma compreensão de tudo que rapidamente acontece.
Hoje, o cotidiano do homem é marcado pela tecnociência, sem no entanto sabermos se dos alimentos processados até os  microcomputadores significam decadência ou renascimento cultural.
O fato é que estamos vivendo novos paradigmas e neles presentes as Tecnologias da Informação e da Comunicação TIC, que vêm transformando não só as maneiras do homem se comunicar, mas também, trabalhar, decidir, pensar.
Acredita-se que há uma relação muito estreita entre essa nova realidade e a Educação, por isso, entende-se que se há mudanças em um, há em outro, respectivamente. Sendo assim, todas as inovações presentes hoje na sociedade e no seu modus vivendi implicam diretamente na Educação Escolar e na formação do  ser humano como um todo.

 

Informação e Conhecimento na Contemporaneidade


Umas das categorias importantes deste estudo está na definição de Informação, Conhecimento. Analisando o significado de  cada um deles, pode-se começar dizendo que informações estão relacionadas com dados, é algo mais direto, e que não merece muito esforço para recebê-los e compreendê-los, uma vez que os temos num momento imediato.
De maneira bastante livre, podemos definir informação como um valor, ou dado, que possa ser útil para alguma aplicação ou pessoa. Nessa singela definição, que reflete o senso comum sobre o assunto, podemos divisar dois conceitos relacionados de grande importância para a completa definição de informação: dado e utilidade. (FOINA:2001,17)
Conhecimento, por sua vez, requer um esforço de pensamento, não é algo que se dá de imediato. Conhecer vai muito além da relação simples entre sujeito e objeto, está relacionado também ao processo de formação de conceitos.
As proposições de Vygotsky acerca do processo de formação de conceitos nos remetem à discussão das relações entre pensamento e linguagem, à questão da mediação cultural no processo de construção de significados por parte do indivíduo, ao processo de internalização ao papel da escola na transmissão de conhecimento de natureza diferente daquele aprendidos na vida cotidiana.(OLIVEIRA:1992,23)

Na medida em que o homem conhece, começa a explicar, dá sentido às sua ações e inteligibilidade ao mundo, esse é, segundo Ribeiro (2005) o objetivo do conhecimento humano. Sabe-se que o que diferencia o ser humano dos outros animais é a capacidade que ele tem de produzir cultura, que, por sua vez, está imbricada de um conhecimento específico e necessário para ele mesmo.
Conhecer a realidade é possibilitar a estrutura de um novo saber e este, de acordo com o grau de elaboração utilizado para se apreender está baseado em três níveis, Dado, Informação e Conhecimento. O primeiro pode ser considerado como registro imediato. A informação, por sua vez, é a leitura de um conjunto de dados que se leva a produzir deduções e inferências lógicas confiáveis. Por fim, o conhecimento; argumentos e explicações que interpretam um conjunto de informações.
O processo de construção de conhecimento científico envolve os dados, os quais representam a “matéria-prima” bruta, a partir dos quais as operações lógicas criam informações e, finalmente, estas últimas são interpretadas para gerar conhecimento.
Segundo Setzer (2002), a compreensão e o significado dependem da capacidade de pensar, ou seja, de associar percepções e certos conceitos a outros conceitos, processos essenciais na absorção de informações e na cognição.
            É importante destacar que o ser humano, sim, é capaz de elaborar as informações por meio de associações de conceitos, mas quando se trata de computadores, estes não processam informações, e sim, dados, sendo incapazes de  associar significados.
Não se pode falar de informação nos tempos atuais sem relacionar ao processo de Globalização, e situar a sua importância dentro desses dois elementos. Assim, os recursos baseados nas Tecnologias da Informação e da Comunicação caracterizam muito as transformações existentes hoje na nova ordem mundial. É dentro desta revolução que há um deslocamento da área do trabalho humano antes baseado na força muscular e nas máquinas para a área do tratamento da informação.Vale ressaltar que segundo Lastres(1999) esse deslocamento acontece até por conta do processo de esgotamento da matéria-prima de um sistema de produção anterior diferente do da atualidade.  Nesse  caso,
a informação e o conhecimento passam a se constituir nos recursos básicos do crescimento econômico (em lugar dos tradicionais insumos energéticos e materiais) e tais recursos (não-materiais e, portanto, inatingíveis) não serem esgotáveis. Além disso, o consumo dos mesmos não os destrói, e seu descarte geralmente não deixa vestígios físicos. (Lastres, 1999)[4]

Esse momento é marcado pela revolução tecnológica e segundo Castells(2005) o que a caracteriza não é a centralidade do conhecimento e da informação, mas a aplicação dos mesmos para a geração de conhecimento e de dispositivo de processamento /comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso.
Por conta disso, e de diversos outros fatores típicos dessa nova realidade, que muitos afirmam estar vivendo um paradigma tecnológico. Paradigma por quê? Porque outro modelo de vida vem impactando a sociedade através do desenvolvimento das tecnologias, conforme esse estudo vem discutindo. Dessa forma o próprio ato de conhecer se diferencia de tempos outrora.
Há no mundo real as incertezas próprias da vida em que o homem presencia complexidades à medida  em  que descobre a si e aos outros. Conhecer, parece, muitas vezes, que acontece de forma linear, causal simples e lógica, porém, para alcançar o conhecimento é necessário aprender e gerenciar seus sentidos e intelecto.
No mundo atual, o conhecimento vem recebendo um valor diferente do passado. As empresas e até as escolas vem se organizando de forma especial frente ao ato de conhecer. Nesse contexto, todos os elementos que formam uma comunidade escolar, em especial o professor e o estudante, possuem uma forma específica de lidar com o conhecimento. Os primeiros, em sua maioria, acreditam que o conhecimento se dá de forma linear e os segundos sofrem de uma complexidade e insegurança inerente ao ser humano. Para haver uma interação do conhecimento na relação entre professor e aluno, onde a confiabilidade esteja presente, faz-se necessário uma inovação de experiências e motivação.
Aprender é o resultado de um processo que pressupõe interação entre razão e emoção. É preciso estar emocionalmente comprometido para aprender. Assim, o professor deve cuidar para que a motivação inicial dos alunos permaneça durante todo o curso.(RIBEIRO:2005,87)
Quando o conhecimento é encarado como desafio e transforma aquele que o buscou, pode-se dizer que houve aprendizagem, no entanto deve-se levar em consideração que para se conhecer deve-se respeitar as etapas e o amadurecimento cognitivo daquele que deseja. Por exemplo: não se pode falar de das quatro operações para um estudante que não conheceu ainda os signos numéricos, as etapas devem ser respeitadas e cada experiência avaliada.
Entender que o conhecimento se dá de forma linear e lógica, por exemplo, é não estar a par do processo  necessário da produção de conhecimento, e isso é algo preocupante, principalmente quando parte de um mediador do processo de aprendizagem. Portanto, é necessário que o professor seja conhecedor deste fato.
O Papel da escola como mediadora do conhecimento é fundamental para se obter um homem em condições de conhecer o seu mundo e suas próprias possibilidades e limites. Dentro dela, a figura do professor é imprescindível, na medida em que este é um dos grandes responsáveis em apresentar o objeto de estudo aos seus discentes e deles perceber como se deu o processo de ensino e aprendizagem.
Mas, o que se vê nos tempos atuais, na sociedade dita como sociedade da informação, é que nem sempre a escola é a responsável em transmitir todo o conhecimento sistematizado, e muito menos, o professor é considerado o maior responsável em apresentar determinados objetos de estudo. Isso por conta do acesso que as crianças, jovens, adolescentes e pré-adolescentes, possuem às Tecnologias da Informação e da Comunicação.
Para situar essa realidade faz-se necessário buscar o conceito de alguns elementos básicos para esse estudo, começando pela Tecnologia que para Castells (2005) significa o uso de conhecimentos científicos para especificar as vias de se fazerem as coisas de uma maneira reproduzível.  A revolução tecnológica, por sua vez, é caracterizada por sua penetrabilidade, ou seja, sua penetração em todos os domínios da atividade humana, não como frente exógena de impacto, mas como o tecido em que essa atividade é exercida.
Dessa forma, nasce um novo perfil humano, produto de uma nova sociedade:
“ Estamos vivendo em uma sociedade em plena transformação em relação às suas formas de organizar-se, de produzir, de relacionar-se econômica, social e politicamente, de divertir-se, de comunicar-se de ensinar e de aprender. Não se trata  apenas de uma modernização ou revolução tecnológica, mas sim de um conjunto de avanços científicos e tecnológicos que estão transformando as relações de trabalho e de poder na sociedade”(SIMIÃO:2002,38)

Para nós, a Educação, e nela, o papel do professor é fundamental em meio a tantas transformações, isso porque:
“Com as novas tecnologias, novas formas de aprender, novas competências são exigidas, novas formas de se realizar o trabalho são necessárias e fundamentalmente, é necessário formar continuamente o novo professor para atuar neste ambiente telemático, em que a tecnologia serve como mediador do processo ensino-aprendizagem”
(MERCADO:1999, 15)

Dessa forma, faz bem, inclui e liberta. Mas, “ como garantir o sucesso de projetos sem infra-estrutura adequada para tal empreendimento e sem a compreensão teórica do uso das TIC no cotidiano escolar?”(LIMA:2002_)
Por isso não basta falar da  relação da Educação e Tecnologia para se ter garantida uma educação em processo de ascensão. É necessário muito mais que isso. É necessário saber quais, porque e principalmente como se usa determinada tecnologia como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem.
            A escola, muitas delas, recebem apoio e incentivo quanto ao uso dessas novas tecnologias, o professor precisou e precisa inovar a sua prática quanto a utilização de  novos recursos tecnológicos e o aluno, por sua vez, traz no seu cotidiano uma prática comum de utilização destes, em especial a internet.
Para quem deseja discutir a utilização das tecnologias da Informação e Comunicação no ambiente escolar, faz-se necessário identificar o meio social em que esses novos recursos tecnológicos se inserem para poder entender sua importância no aspecto educacional. Portanto, quando se observa esse poder de auto transformação característico da sociedade industrial, podemos identificar as tecnologias como produto humano de trabalho  e conhecimento favorecendo a essas modificações. Aqui, também é imprescindível chamar atenção para o tipo de apropriação de tecnologia que se quer discutir.
Segundo Álvaro Pinto(2005) a tecnologia possui duas noções atuais, uma essencial e outra confusa. Mais do que aparatos tecnológicos, mais do que evolução da técnica, a tecnologia deveria ser compreendida de forma única tanto para estudiosos, filósofos quanto para o técnico. Para esse estudo, essa compreensão é indispensável, uma vez que ao lidar com tecnologias em sala de aula, e fazer dela um uso significativo na produção de conhecimento, é necessário olhar a tecnologia de um ângulo no mínimo, capaz de se entender o porquê e como se apropriar desses recursos na realidade social atual. Entender a tecnologia diferente de sinônimo de técnica é ir além do sentido mais freqüente e popular da palavra.
Ao analisá-la de acordo com Álvaro Pinto(2005) a técnica como ato produtivo é quem dá origem as considerações teóricas. Na ciência tecnológica, ela é o seu objeto de estudo. E nesse caso a técnica é a responsável em configurar um dado que é produto da percepção humana. Esse mesmo dado se materializa em forma de instrumentos e máquinas, volta ao mundo em forma de ação e entregue à transmissão cultural.
É necessário consciência crítica e perceber a tecnologia em sua totalidade.
A consciência crítica é aquela que toma consciência de seus determinantes no processo histórico da realidade, sempre porém apreendendo o processo em totalidade e não considerando determinantes os fatores correspondentes aos interesses individuais privados. (PINTO:2005, 222)
            Por conta disso não se pode visualizar a tecnologia e muito menos o processo de explosão tecnológica de forma ingênua. Para Álvaro Pinto (2005)as deficiências dessa percepção do mundo é a ausência de sensibilidade histórica, além disso, a grande impressão à primeira vista levada a absolutizar o presente. Infelizmente, há uma grande dificuldade em se delimitar as diversas acepções dos termos tecnologia.
A discussão desse termo se faz necessária para que se possa situar a escola e seus demais agentes no contexto social e histórico aos quais são pertencentes. No caso do Brasil, país caracterizado como periférico, segundo Boaventura (2005), a sua dependência no âmbito econômico, cultural, político, social em meio ao processo de globalização e a sua relação com outras nações, mostra-nos quão grande é a aceitabilidade de novas tecnologias nos diversos setores constituintes do nosso país. Aqui, a tecnologia (refiro-me a produtos eletrônicos e maquinarias em geral) chega como algo que vem amenizar o atraso tecnológico da nação. Ao receber um produto de exportação, este passa imediatamente a ser incorporado ao processo nacional, como diz Álvaro Pinto(2005).
O que se desconhece, ou pelo menos não se faz questão de discutir é que o país acaba chamando para si uma força de exploração e se submete a perda ou diminuição de sua soberania.
Acontecerá então que, em vez do desejado e fecundo  fator incentivador de potencialidades internas, chamará sobre si,como rãs que outrora pediram um rei a Júpiter, uma força  de exploração e drenagem dos recursos, dando  em resultados a diminuição, quando não a completa perda da sua soberania.(PINTO:2005, 269)

O fato é que antes de aceitar instantaneamente as inovações tecnológicas dos países centrais, o ideal seria que os países dependentes tivessem o poder de escolha e analisasse de forma clara onde e por que incorporar determinadas tecnologias em seu meio social.
O poder de decisão na escolha, manutenção e direção da tecnologia, não só quanto à origem mas igualmente quanto à natureza dela, constitui o traço mais significativo para comprovar a posse  da autoconsciência pelo país subdesenvolvido. Não é qualquer tecnologia, identificada à técnica que lhe convém, nem mesmo aquela representativa do grau mais elevado do desenvolvimento produtivo do momento.Compreender este primeiro axioma constitui o passo inicial da transformação da consciência dirigente dos povos por ora menos avançados. (IDEM)
Ao se fazer um paralelo dessa discussão com a educação, pode-se perceber que da mesma forma que os países em desenvolvimento absorvem tecnologias de outros países sem um senso crítico e sem uma avaliação adequada para a sua realidade, a Educação, a escola propriamente dita, investe em tecnologia sem no entanto ter consciência adequada para o uso da mesma.
Nasce dessa discussão um questionamento sobre o que de fato as tecnologias da informação e comunicação podem contribuir no processo de ensino e aprendizagem. Brunner (2004) fala que da relação Educação e TIC nascem esperanças misturadas às frustrações. O que se pode observar diante disso é que o Governo mede a sua sintonia com a sociedade da informação de acordo com o número de escolas com internet e quantidade de computadores por alunos. Nesse contexto os professores precisam cada vez mais se adaptar às novas exigências, os empresários oferecem produtos, serviços, marcas, experiências e ilusões sendo todos esses fatores grande contribuição para o fortalecimento da Indústria educacional. (BRUNNER: 2004,18).
Numa nova perspectiva de educação, sabe-se que os elementos diretamente responsáveis pela formação do homem e da mulher,passam, ou pelo menos precisam passar, por adaptações e mudanças coerentes com a realidade, e por conta disso, a escola, o professor e o estudante devem adquirir um novo perfil. Sendo assim, setores governamentais, também precisam proporcionar condições de mudanças.
Estabelecer políticas nacionais para o planejamento e a aplicação de programas de integração das TIC na educação pública é uma responsabilidade que envolve não só o setor educativo como também outros setores governamentais. Por esse motivo, é preciso uma organização interdisciplinar em nível nacional que tome decisões, planifique e coordene sua instrumentação.(MARTINÉZ: 2004,99)

O ideal, seria que gestor, professores, pais e estudantes tivessem em seu projeto pedagógico a especificação da necessidade e utilidade de determinados recursos referentes às TIC no processo de ensino e aprendizagem.


Papel do Professor

Nos tempos atuais, com a presença das mais diversas tecnologias presentes no cotidiano, o professor, já não pode ser considerado o dono do saber. Seja o aluno de escola pública ou particular, o acesso às informações atualmente, na maioria das vezes independe da sua classe social. O contato com o computador e através dele a internet, a própria televisão que também nos favorece ao processo de desterritorialização e demais elementos contribuem para os mais diversos contatos com informações, algo quase impossível antigamente. Outro fator característico, ainda segundo Ribeiro(2004), o aluno se apropria dos processos de socialização hoje mais fora da família do que dentro dela.
Pode se dizer que em meio a essas mudanças e nesse contexto aumenta a responsabilidade do professor. De repente, essas responsabilidades podem explicar um pouco do que se apresentou acima, sobre as características de filantropia no perfil de alguns. O que se pode informar é que na maioria dos casos já não podem ser identificados como os- que –transmitem - conhecimento, mas, os que ainda, muito lentamente, buscam ser os-que-constroem-conhecimento numa relação harmoniosa ideal entre docentes e discentes.
Para Ribeiro é possível que os professores transformem o seu próprio processo de mudança e aceitabilidade da diversidade.
Podemos ocupar-nos positivamente de resolver esse – que pode ser um – dilema e olhar para a nossa própria prática como professores (futuros ou atuais, em formação continuada) como inspiração e modelo; podemos transformar o nosso próprio processo e viver a busca da diversidade e do respeito à pluralidade na nossa prática docente, na forma como pensamos as nossas aulas, os nossos procedimentos avaliativos, os nossos paradigmas e tabus com relação à realidade de dinâmica, viva e mutuamente que é a escola. (RIBEIRO:2004,119)

Ser maleável e flexível, é  portanto uma característica indispensável para o perfil de um professor que atue nos tempo modernos, contemporâneos e atuais. Para essa formação são necessários  novos modelos e propostas educativas, mas que partam da situação efetiva diária do professor. Que possam receber apoio das políticas públicas e não virem delas para a escola num sentido vertical de cima para baixo. 
 É preciso, como assim diz Ribeiro (idem) que as reformas educacionais possuam princípios de sustentação, o que se compreende, que parta da realidade da prática de ensino da forma mais concreta possível.
Esses princípios estão diretamente relacionados às competências para ensinar no século XXI. Assim, o conhecimento está pautado em sua ação pedagógica, apoiada, de acordo com Ribeiro (2004) na observação sistemática de como seus educandos modificam o que “os agentes da sua educação quiserem-ensinar-lhes”.
Se a escola precisa mudar, o professor é o eixo central dessa transformação, ele é o protagonista dessas alterações que se pretende fazer, e portanto não é uma mudança que a necessidade social impõe, mas uma mudança primeiramente individual, interna,  para se atender a necessidade social. Dessa forma, o professor precisa ser mais que um pesquisador e articular as pesquisas produzidas com a sua prática pedagógica na realidade. Para Ribeiro (2004), esses são requisitos importantes para o caminho da autonomia.
Outro fator relevante desses princípios está na possibilidade da troca de informações e experiências entre educandos. Uma das sugestões para aplicação desse princípio é disponibilizar na escola espaços adequados para esse contato entre professores, veteranos, novatos e em formação. Mais do que troca de experiências, possivelmente haverá troca de conhecimento, elemento, indispensável para o professor nos seus mais diversos aspectos.
O professor forma-se durante a vida, inclusive nos cursos de formação. Ribeiro ao afirmar esse princípio de sustentação para a formação do professor, faz uma analogia com um atleta remador, que tem em suas mãos o instrumento de mudança de percurso, basta saber para onde e quando chegar.
Se o professor também se forma durante a vida, é por que se permite aprender diante das inúmeras situações ocorrentes ao longo da sua vida profissional. Acredita-se que o mesmo ocorra para aqueles que não estão dispostos às mudanças, e ainda se fecham às alterações corriqueiras e naturais da sociedade. Vale ressaltar que ter lemes nas mãos é usufruir de condições que lhe permitem agir e transformar.
Uma vez, professor responsável em formar professor,é muito importante ter em mente que o aluno ensinará como seu professor o ensinou.
A formação de professores passa necessariamente por uma revisão da nossa própria prática docente. Somos referência para nossos alunos não só nos conteúdos que administramos com competência e habilidade diante deles; não só nos assuntos que nos empolgam e dos quais dizem sermos “especialistas”. Somos referência para  nosso alunos na forma de ensinar e de estar diante de alunos, na forma de avaliar, na forma de tratar iguais diversos – dialogando com sabedoria com a pluralidade, que nos coloca o desafio de tratar em pé de igualdade seres que são, por definição, indivíduos únicos.(RIBEIRO:2004,123)

Nesse sentido, muitos são os testemunhos de discípulos que se destacaram a partir da observação da prática do seu professor. Não se precisa buscar maiores exemplos como os de Sócrates, Platão, Aristóteles.
Mesmo que as palavras independência, autonomia e liberdade, em alguns momentos caracterizem chavões de discurso ideológico e utópico para determinadas realidades, podem fazer um efeito significativo na prática daqueles que se pretende formar. Basta relacioná-los aos objetivos de ser professor, ou seja, formador de opiniões, (mesmo que tenha que dividir com outros elementos formadores), profissional capaz de estar em construção constante de conhecimento e promover a busca da autonomia do seu educando.
Jovens que possam se formar em cursos que motivem o pensar próprio, que motivem a busca própria de soluções e inovações, terão com certeza mais chance  de alcançar a felicidade e a realização nas suas salas de aula e na vida. Como o alcance da nossa atuação como formadores de professores atinge, indiretamente, outros alunos (crianças e jovens, na maioria das vezes), podemos imaginar que essas sementes de independência, autonomia e libertação cresçam e frutifiquem entre aqueles que poderão ser nossos alunos daqui a dez, quinze anos. (RIBEIRO:2004,124)

Para contribuir na transformação da realidade educacional, o papel do professor é fundamental , ele  deve atuar como ator pleno dessa mudança e ter consciência da sua grande importância para o estudante, para a família, para a escola e principalmente para ele mesmo.

Considerações Finais

            Entender o papel da escola e do professor na sociedade do conhecimento é condição sinequanon para se caracterizar a Educação nos tempos atuais. Também, é imprescindível compreender o papel das Tecnologias da Informação e Comunicação TIC como elementos importantes no processo e da contemporaneidade.
            As TIC, uma vez inseridas em sala de aula e utilizadas como recursos auxiliadores no processo de ensino e aprendizagem, deve ser tomadas com consciência crítica por parte do professor e da escola que as adquire. O que  exige do professor, cada vez mais, uma formação continuada, e capaz de ajudá-lo a lidar com esses elementos presentes na sociedade atual. Esse pode ser considerado o atual desafio da Educação.








REFERÊNCIAS

BRUNNER, José Joaquim. Educação no encontro com as novas tecnologias. In: TEDESCO, Juan Carlos, (org); tradução de Cláuda Berliner, Silvana Cobucci Leite – São Paulo: Cortez; Buenos Aires: Instituto Interncaional de Planejamento de Educacion; Brasília: UNESCO, 2004.

CASTELLS, Manuel. Sociedade em Rede. Tradução: Roneide enâncio Majer; 6ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

FOINA, Paulo Rogério. Tecnologia de Informação: planejamento e gestão. São Paulo: Atlas, 2001

GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade. São Paulo: Unesp. (1991)

LASTRES, H. M. M.; CASSIOLATO, J. E. . Novas políticas na era do conhecimento: o foco em arranjos produtivos e inovativos locais. Parcerias estratégicas, p. 5-29, 2003.

LEVY, Pierre. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. – São Paulo: Ed. 34, 1999.

LIMA, Maria de Fátima M. – No Fio da Esperança: Políticas Públicas de Educação e tecnologia da Informação e da Comunicação. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Bahia. Salvador, setembro de 2002.

MATÍNEZ, Jorge H. Gutiérrez.  Novas tecnologias e o desafio da educação. In: TEDESCO, Juan Carlos, (org); tradução de Cláuda Berliner, Silvana Cobucci Leite – São Paulo: Cortez; Buenos Aires: Instituto Interncaional de Planejamento de Educacion; Brasília: UNESCO, 2004.

MERCADO, Luiz Leopoldo. Formação continuada de professores e novas tecnologias. Maceió: EDUFAL, 1999.

OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky e o Processo de Formação de Conceitos. In: Piaget, Vygotsky e Wallon. São Paulo: Summus, 1992

PINTO, Álvaro Vieira, O Conceito de Tecnologia. Rio de Janeiro: Contaponto, 2005.



[1] Tema apresentado como dissertação de mestrado em Educação pela Universidade Federal de Sergipe
[2] Mestranda em Educação pela Universidade Federal de Sergipe.
[3] Prof. Dr. do Núcleo de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe.
[4] acesso em www.ie.ufrj/ redesist

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